O Lado Negro das Formigas
Escravismo, guerras, fazendas e criações de “animais”. Muitas pessoas,
inegavelmente, pensariam, de início, que estamos falando sobre os
humanos. Será verdade? De certa forma, sim. Mas, não estamos falando
sobre humanos, mas sim de formigas.
Várias espécies de
formigas americanas, por exemplo, e, independentemente, térmitas
(cupins) da África, cultivam “jardins de fungos”. As mais bem conhecidas
são as saúvas. Colônias com mais de dois milhões de indivíduos já foram
encontradas. Seus ninhos consistem de enormes e amplos complexos
subterrâneos de passagens e galerias, de até uma profundidade de três
metros ou mais, construídos pela escavação de até 40 toneladas de terra.
Essas câmaras possuem jardins de fungos, plantados por elas mesmas. As
saúvas deliberadamente “semeiam” os fungos em grandes canteiros adubados
com folhas fragmentadas por suas poderosas mandíbulas. Ao invés de
buscar folhas para alimentar-se à si mesmas, as formigas buscam folhas
para transformar em adubo para fungos. As formigas eventualmente colhem e
comem o fungo, além de dá-lo às larvas.
Em
outros casos, as formigas possuem “criações de gado”. Ou seja, além de
plantar, as formigas também possuem animais domésticos. Os afídeos –
conhecidos como “pulgões” – são especialistas em sugar os líquidos das
plantas. Muito “gulosos” sugam a seiva de seus vasos mais eficientemente
do que podem depois digerir. Como consequência, excretam um líquido
rico em açúcares. O líquido geralmente cai em gotículas no chão, mas
geralmente são interceptados pelas formigas. Assim, as formigas ganharam
o hábito de criá-los em grandes “pastagens”, usufruindo do líquido
excretado. Como nosso próprio gado leiteiro, eles levam uma vida
protegida, e as espécies de afídeos muito cultivadas pelas formigas
perderam seus mecanismos normais de defesa, já que não eram mais
necessários. Em alguns casos as formigas cuidam dos ovos dos afídeos
dentro de seus próprios ninhos subterrâneos, alimentam os filhotes e,
finalmente, quando eles crescem, carregam-nos para o local de pastagem.
É
claro que ambos os casos relatados tratam de relações vantajosas,
conhecidas como mutualismo (os afídeos têm o tipo certo de partes bucais
para sugar seiva vegetal, mas essas partes bucais sugadoras de nada
servem para auto-defesa. As formigas não podem sugar seiva vegetal, mas
são boas para lutar). Mas, existem outros casos onde o mutualismo é
inexistente, e as formigas agem como legionárias. Ao contrário do
comportamento relatado acima, onde as formigas possuem um local fixo, o
formigueiro, as formigas que possuem o hábito legionário perambulam com
grandes exércitos, sem um local fixo. Os exércitos podem variar de 1
milhão até 20 milhões de indivíduos, dependendo do local. Suas
mandíbulas são enormes (enormes quando comparadas com o tamanho da
cabeça. Seria como se você tivesse uma mandíbula serrilhada que se
estendesse 60 centímetros em cada lado da face). Devido às mandíbulas
enormes, alguma não conseguem, inclusive, alimentar-se sozinhas. Daí,
algumas operárias precisam deslocar-se e alimentá-las especialmente.
Conta-se
que, em certas regiões da América do Sul, os habitantes
sistematicamente evacuam suas aldeias, levando tudo o que conseguem
transportar, quando um grande exército de formigas se aproxima, e só
voltam quando as legiões prosseguem sua marcha depois de terem acabado
com todas as baratas, aranhas e escorpiões até dos tetos de sapê. E não é
por menos. Imagine um exército de 20 milhões de soldados enfurecidos
pilhando tudo o que encontram pela frente. A cena é, no mínimo,
intimidadora. Nos EUA, por exemplo, as formigas causam um prejuízo de
mais de 6 bilhões de dólares, destruindo lavouras e causando, inclusive,
danos à rede de distribuição de energia.
Além disso, as formigas acabam, muitas vezes, destruindo espécies de insetos benéficos ao meio ambiente
Tanque News
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