quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Natureza: Formigas, um mundo a parte [c]

O Lado Negro das Formigas

   Escravismo, guerras, fazendas e criações de “animais”. Muitas pessoas, inegavelmente, pensariam, de início, que estamos falando sobre os humanos. Será verdade? De certa forma, sim. Mas, não estamos falando sobre humanos, mas sim de formigas.
   Várias espécies de formigas americanas, por exemplo, e, independentemente, térmitas (cupins) da África, cultivam “jardins de fungos”. As mais bem conhecidas são as saúvas. Colônias com mais de dois milhões de indivíduos já foram encontradas. Seus ninhos consistem de enormes e amplos complexos subterrâneos de passagens e galerias, de até uma profundidade de três metros ou mais, construídos pela escavação de até 40 toneladas de terra. Essas câmaras possuem jardins de fungos, plantados por elas mesmas. As saúvas deliberadamente “semeiam” os fungos em grandes canteiros adubados com folhas fragmentadas por suas poderosas mandíbulas. Ao invés de buscar folhas para alimentar-se à si mesmas, as formigas buscam folhas para transformar em adubo para fungos. As formigas eventualmente colhem e comem o fungo, além de dá-lo às larvas.
   Em outros casos, as formigas possuem “criações de gado”. Ou seja, além de plantar, as formigas também possuem animais domésticos. Os afídeos – conhecidos como “pulgões” – são especialistas em sugar os líquidos das plantas. Muito “gulosos” sugam a seiva de seus vasos mais eficientemente do que podem depois digerir. Como consequência, excretam um líquido rico em açúcares. O líquido geralmente cai em gotículas no chão, mas geralmente são interceptados pelas formigas. Assim, as formigas ganharam o hábito de criá-los em grandes “pastagens”, usufruindo do líquido excretado. Como nosso próprio gado leiteiro, eles levam uma vida protegida, e as espécies de afídeos muito cultivadas pelas formigas perderam seus mecanismos normais de defesa, já que não eram mais necessários. Em alguns casos as formigas cuidam dos ovos dos afídeos dentro de seus próprios ninhos subterrâneos, alimentam os filhotes e, finalmente, quando eles crescem, carregam-nos para o local de pastagem.
   É claro que ambos os casos relatados tratam de relações vantajosas, conhecidas como mutualismo (os afídeos têm o tipo certo de partes bucais para sugar seiva vegetal, mas essas partes bucais sugadoras de nada servem para auto-defesa. As formigas não podem sugar seiva vegetal, mas são boas para lutar). Mas, existem outros casos onde o mutualismo é inexistente, e as formigas agem como legionárias. Ao contrário do comportamento relatado acima, onde as formigas possuem um local fixo, o formigueiro, as formigas que possuem o hábito legionário perambulam com grandes exércitos, sem um local fixo. Os exércitos podem variar de 1 milhão até 20 milhões de indivíduos, dependendo do local. Suas mandíbulas são enormes (enormes quando comparadas com o tamanho da cabeça. Seria como se você tivesse uma mandíbula serrilhada que se estendesse 60 centímetros em cada lado da face). Devido às mandíbulas enormes, alguma não conseguem, inclusive, alimentar-se sozinhas. Daí, algumas operárias precisam deslocar-se e alimentá-las especialmente.
   Conta-se que, em certas regiões da América do Sul, os habitantes sistematicamente evacuam suas aldeias, levando tudo o que conseguem transportar, quando um grande exército de formigas se aproxima, e só voltam quando as legiões prosseguem sua marcha depois de terem acabado com todas as baratas, aranhas e escorpiões até dos tetos de sapê. E não é por menos. Imagine um exército de 20 milhões de soldados enfurecidos pilhando tudo o que encontram pela frente. A cena é, no mínimo, intimidadora. Nos EUA, por exemplo, as formigas causam um prejuízo de mais de 6 bilhões de dólares, destruindo lavouras e causando, inclusive, danos à rede de distribuição de energia.
   Além disso, as formigas acabam, muitas vezes, destruindo espécies de insetos benéficos ao meio ambiente

           Tanque News
           2009 - 2013

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